Barco a vapor Boa Nova. Foto: Ordem dos Frades Missionários Capuchinhos, Milão Itália. |
A navegação no rio Tocantins e no Rio Araguaia, foi e continua sendo um dos principais meios de transporte para muitas cidades ao longo destes dois grandes rios do nosso país. No início do século passado, quando as distancias entre as poucas cidades existentes às margens destes dois grandes rios pareciam intermináveis, os barcos ou lanchas movidas a vapor, e os poucos barcos movidos com motores a explosão (combustão), eram os desbravadores destas águas plácidas, mas também revoltas, com cachoeiras e pedrais que aterrorizavam os navegantes, e tiraram a vida de muitas pessoas que enfrentavam estas difíceis viagens. O barco das fotografias acima, fotos raríssimas do precioso arquivo fotográfico da Ordem dos Frades Missionários Capuchinhos, com sede na cidade italiana de Milão, mostram o histórico barco a vapor Boa Nova, que recebeu este nome após a importantíssima viagem que efetuou, quando teve a honra de transportar a mensagem da emancipação da cidade Marabá no estado do Pará, que passava de vila à categoria de cidade, emancipando-se do município de Baião. Emancipação datada em 5 de abril de 1913, data que marca o aniversário de Marabá como cidade.
"Tendo em vista que a atividade política era bloqueada por Amaro Bandeira e seu grupo de fazendeiros, isto em Imperatriz MA, Emiliano Herênio, canalizou os seus esforços investindo em unidades de transporte fluvial.
Em 1904, Emiliano Herênio arrendou, por um longo período, a maior e mais moderna lancha existente, que pertencia ao grupo belga.
Sua frota era constituída de botes, batelões e uma lancha de nome Goyaz, em cuja embarcações transportava pessoas, gêneros alimentícios, mercadorias e gado no Vale do Tocantins.
Viajando no sentido rio acima, atingia as localidades de Peixe, Natividade, Porto Nacional e Tocantínia, no alto Tocantins; na volta vinha aportando em cidades e vilas, até Marabá e, por vezes, a Belém do Pará.
Segundo anotações de Paulo Bosco Rodrigues Jadão,ex-prefeito de Marabá, em seu interessante livro Marabá - 1984, diz que em 1904, Emiliano Herênio era tido como grande comerciante em Imperatriz MA. Com tal cacife, Emiliano procurou a representação carolinense do grupo belga, alugou e aumentou sua frota ao incorporar a grande lancha, Rio Araguaia.
Paulo Bosco que atuou por mais de 16 anos no transporte fluvial, anotou que a lancha Rio Araguaia, apelidada de Lancha Grande, era bem diferenciada das demais lanchas: tinha tamanho maior que as outras embarcações por possuir dois pisos. No segundo andar, amparado por grande toldo, havia dependências destinada ao comandante, ao proprietário, duas dependências para passageiros especiais e uma sala de jantar. Esta grande lancha estava agora a cargo do transportador imperatrizense Emiliano Herênio, que a utilizara com sucesso.
Entretanto em fins de 1912, os procuradores dos belgas, a família Carvalho, de Carolina, resolveu vender a Lancha Grande ao carolinense Messias Lopes de Souza, que cedeu ao também carolinense Salatiel Queiróz.
Com o episódio da emancipação de Marabá, em 5 de abril de 1913, a lancha Grande passou a ser popularmente conhecida como 'Boa Nova' e, com este nome, continuou trafegando no Tocantins até seu final."
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